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sexta-feira, 22 de abril de 2011

DR DRAUZIO VARELA, Com todo respeito esta pagina é dedicada a um grande homem, o doutor de todos


Se não quiser adoecer - "Fale de seus sentimentos"

Emoções e sentimentos que são escondidos, reprimidos, acabam em doenças

como: gastrite, úlcera, dores lombares, dor na coluna.. Com o tempo a
repressão dos sentimentos degenera até em câncer. Então vamos desabafar,
confidenciar, partilhar nossa intimidade, nossos segredos, nossos pecados.
O diálogo, a fala, a palavra, é um poderoso remédio e excelente terapia..

Se não quiser adoecer - "Tome decisão"


A pessoa indecisa permanece na dúvida, na ansiedade, na angústia. A

indecisão acumula problemas, preocupações, agressões. A história humana é
feita de decisões. Para decidir é preciso saber renunciar, saber perder
vantagem e valores para ganhar outros. As pessoas indecisas são vítimas de
doenças nervosas, gástricas e problemas de pele.

Se não quiser adoecer - "Busque soluções"


Pessoas negativas não enxergam soluções e aumentam os problemas.

Preferem a lamentação, a murmuração, o pessimismo. Melhor é acender o
fósforo que lamentar a escuridão. Pequena é a abelha, mas produz o que de
mais doce existe. Somos o que pensamos. O pensamento negativo gera energia
negativa que se transforma em doença.

Se não quiser adoecer - "Não viva de aparências"


Quem esconde a realidade finge, faz pose, quer sempre dar a impressão que

está bem, quer mostrar-se perfeito, bonzinho etc., está acumulando
toneladas de peso... uma estátua de bronze, mas com pés de barro.
Nada pior para a saúde que viver de aparências e fachadas. São pessoas com
muito verniz e pouca raiz. Seu destino é a farmácia, o hospital, a dor.

Se não quiser adoecer - "Aceite-se"


A rejeição de si próprio, a ausência de auto-estima, faz com que sejamos

algozes de nós mesmos. Ser eu mesmo é o núcleo de uma vida saudável. Os
que não se aceitam são invejosos, ciumentos, imitadores, competitivos,
destruidores. Aceitar-se, aceitar ser aceito, aceitar as críticas, é
sabedoria, bom senso e terapia.

Se não quiser adoecer - "Confie"


Quem não confia, não se comunica, não se abre, não se relaciona, não cria

liames profundos, não sabe fazer amizades verdadeiras. Sem confiança, não
há relacionamento. A desconfiança é falta de fé em si, nos outros e em
Deus.

Se não quiser adoecer - "Não viva SEMPRE triste!"


O bom humor, a risada, o lazer, a alegria, recuperam a saúde e trazem vida

longa. A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive.

"O bom humor nos salva das mãos do doutor". Alegria é saúde e terapia.

http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=7642299238092597960&postID=41708391686148951


 Câncer de boca e garganta

Dr. Orlando Parise Junior é médico-cirurgião do Hospital Sírio-Libanês de São Paulo. É especialista em lesões de cabeça e pescoço.
Drauzio Você disse que as lesões pré-malignas podem ser resolvidas com uma cirurgia muito simples que não provoca deformações nem danos funcionais. Por isso, a lesão maligna descoberta na fase inicial é passível de ressecção cirúrgica bastante econômica.
 Drauzio – Onde surgem, preferencialmente, os tumores de boca?
Orlando Parise – Geralmente, o sítio de eleição é a borda lateral da língua, mas as lesões podem aparecer em qualquer ponto da mucosa. Na boca, elas são mais visíveis e, por isso, o diagnóstico precoce é mais freqüente. A própria pessoa nota alguma coisa estranha ou o dentista observa a lesão num exame odontológico de rotina e encaminha o paciente para um especialista a fim de fazer uma biópsia. O problema é maior nas regiões posteriores das vias aéreas, ou seja, na nos seios piriformes e na laringe. Às vezes, quando surgem os sintomas, a lesão já está muito grande.
Drauzio – Na fase inicial, qual é a aparência das lesões de boca?
Orlando Parise – Elas podem surgir sob a forma de pequenas feridas brancas ou vermelhas ou de úlceras que são confundidas com aftas. É preciso dizer, porém, que parte dessas alterações não chega a virar câncer. Em cada cinco ou seis, uma se transforma num tumor maligno. Por isso, o diagnóstico precoce é tão importante.
cboca1.jpgNos Estados Unidos, por exemplo, 90% das lesões são diagnosticadas na fase inicial, quando o tumor tem, no máximo, 2cm em seu eixo maior. No Brasil, a proporção é inversa: 85% dos tumores estão em estágio avançado no momento do diagnóstico. Sem falar no sofrimento dos pacientes, que deixam de beneficiar-se com um tratamento simples, uma pequena cirurgia de rápida recuperação, o diagnóstico tardio reverte num custo muito grande porque o requer, além de cirurgia mais invasiva, aplicações de rádio e quimioterapia.
Drauzio – Na imagem 1 ,aparece uma leucoplasia localizada no bordo lateral da língua. Quais as principais características dessa lesão?
Orlando Parise – É uma lesão esbranquiçada que sobressai ao plano da língua. Trata-se de uma lesão vegetante, pré-maligna, de tratamento bastante simples. Dependendo do paciente, é possível fazer a ressecção com anestesia local e não há seqüelas funcionais nem para a deglutição nem para a fala.
Drauzio – E a lesão que aparece na imagem 2?
Orlando Parise – Situada no terço médio da borda lateral da língua, é uma pequena úlcera rasa, mas com extremidade um pouquinho sobreelevada. Uma pessoa desavisada, às vezes, pode conviver muito tempo com uma lesão dessas na boca, vê-la crescer e só procurar auxílio médico quando ela está numa fase avançada e requer mutilação.
Drauzio – Nessa fase, a lesão dói como aconteceria se fosse uma afta?
Orlando Parise – O comportamento é muito variável. Às vezes dói; outras, não apresenta nenhum sintoma. Normalmente, a dor começa a ocorrer nos estadios mais avançados ou quando aparece uma infecção secundária provocada por alguma das inúmeras bactérias existentes na boca.
Drauzio – Essa lesão tumoral é muito semelhante a uma afta. Como o observador desavisado pode diferenciá-la da afta vulgar, muito comum na população?

  • Sinal de alerta
     Drauzio – Como alertar a população sobre as características das lesões que precisam da avaliação de um médico?
    Orlando Parise – O problema é que as lesões malignas de boca não têm um formato típico. Por isso, devemos ficar atentos a qualquer alteração na mucosa da boca e acompanhar sua evolução. Se não voltar ao normal em poucos dias, uma ou duas semanas no máximo, devemos procurar um profissional para diagnóstico. Pode ser uma infecção, um problema venéreo, uma lesão pré-maligna ou um câncer já instalado.
    Devem tomar cuidado maior os tabagistas, especialmente aqueles que tomam bebidas alcoólicas e fumam, e pessoas com problemas de voz e que apresentem dificuldade para engolir, especialmente se essas alterações forem ficando mais intensas.
    Drauzio – Quando você diz tabagista, certamente, está se referindo aos que fumam cigarros, cachimbos e charutos.
    Orlando Parise – Aparentemente, o charuto é um pouco menos agressivo do que o cigarro, mas o cachimbo é um fator de risco importante para o câncer de boca.
    Drauzio – Há um tipo de lesão de lábio que é característica dos fumantes de cachimbo. É lógico que o ideal seria que ninguém fumasse, nem cachimbo, nem cigarro, nem charuto. Sob qualquer forma, o fumo é pernicioso, mas quem fuma cachimbo não deve apóia-lo sempre no mesmo local da boca para evitar agressões repetidas.
    Drauzio – Há outros fatores de risco para o câncer de lábio?
    Orlando Parise – É muito comum os cânceres de lábio estarem associados à exposição ao sol. Atualmente, todos sabem que o sol pode ser prejudicial. Há alguns anos, porém, essa informação não existia e muita gente está desenvolvendo câncer de lábio, geralmente no lábio inferior, porque tomou sol em excesso.
    • Cirurgias
    • Evolução e diagnóstico
    • Tumores nas cordas vocais
    • TratamentoVera Lucia Povoas - Blumenau (SC) - Qual a relação entre câncer de boca e próteses mal-feitas?
      Orlando Parise – Antigamente se dizia que próteses mal ajustadas eram um dos agentes causadores de câncer porque provocavam um traumatismo crônico. Alguns estudos colocaram essa opinião por terra. Eu diria que o assunto é polêmico. É óbvio que ninguém deve manter uma prótese mal ajustada na boca, mas dizer que elas provocam câncer ainda é um tema em discussão.

      Karina Belchior – Divinópolis (MG) - Dente mal arrancado pode provocar câncer de boca?

      Orlando Parise – Não, não pode.

      Aída Leme – Rio de Janeiro (RJ) - Batom é fator de risco para o câncer?

      Orlando Parise – Usar batom não representa risco para câncer. Fosse assim, estaríamos perdidos.

      Patrícia Sombrino – Porto Alegre (RS) - Existe alguma substância que, ao ser ingerida, deixa o indivíduo mais suscetível à doença?

      Orlando Parise – Sabe-se que hábitos alimentares inadequados (pouca ingestão de fibras, por exemplo) podem favorecer a instalação do câncer de colo do intestino, mas não há nenhum indício de que a alimentação normal do dia-a-dia favoreça o desenvolvimento de câncer de cabeça e pescoço.

      Drauzio - Se a lesão já estiver instalada, há algum tipo de alimento que a faça progredir mais rápido?

      Orlando Parise – Existem estudos que dizem o contrário, ou seja, que a pessoa pode minimizar o risco de câncer, comendo muita fruta e outros vegetais, principalmente os que contêm caroteno, como a cenoura, por exemplo, mas nada foi provado de forma definitiva.

      Maria Aparecida Desiderio – São Paulo (SP) - O auto-exame ajuda a antecipar o diagnóstico da doença?

      Orlando Parise – Sem dúvida. É muito importante que, ao fazer a higiene oral, a pessoa abra a boca, coloque a língua em todas as posições de modo que possa olhar o interior da própria cavidade oral. Além disso, se notar um caroço, qualquer que seja ele, no pescoço, deve procurar auxílio médico rapidamente.

      Sites
    •  

    Morfina

    Drauzio Varella


    Dor fraca qualquer analgésico espanta. Dores de intensidade intermediária, daquelas que melhoram com antiinflamatórios, impõem limitações, tiram a alegria, mas permitem que a vida siga em frente. Não é dessas dores que trato neste artigo, vou falar da dor forte, a mais trágica sensação transmitida pelo corpo.
    As dores fortes podem vir em cólica ou como pontadas que não passam. A cólica ataca no abdômen, retorce, afrouxa e aperta de novo uma porção de vezes. Quando é muito forte, dá vontade de rolar no chão; a pessoa sente que vai se rasgar por dentro. Quem já teve cólica renal ou de vesícula sabe o que é isso.
    A pontada que não passa é mais insidiosa: começa, aperta até atingir um platô e fica. Parece que enterraram uma faca na carne da gente. Depois de algumas horas com ela, a vida se transforma num vale de lágrimas. Às vezes, é pior do que a morte.
    Como cancerologista, convivo com essas dores intensas, persistentes, há 30 anos. Nesse tempo, aprendi que elas só desaparecem com morfina.
    Os demais analgésicos reduzem a intensidade, mas dificilmente acabam com dores muito fortes. A pessoa fica aliviada com eles, é lógico: doía 100, tomou o remédio, agora dói 30! Melhorou, mas a dor não foi embora; ficou lá, no fundo, como um alicate frouxo, pronto para apertar assim que diminuir o efeito analgésico. A morfina é a única droga que reduz esse tipo de dor a zero.
    Tanta tecnologia na medicina e ainda não inventaram analgésico melhor. A morfina foi obtida a partir do ópio há 200 anos, na Alemanha. O ópio é retirado do leite da papoula e tem sido usado como remédio há mais de 2.000 anos. Os médicos do Império Romano já o receitavam. Na Idade Média, fez parte de elixires e tônicos usados como panacéia para muitas doenças. Alguns deles, como o elixir paregórico, resistiram até recentemente nas farmácias brasileiras.
    Hoje, o tratamento com morfina geralmente se restringe a dois grupos de doentes: aqueles que precisam da droga por um período curto, no hospital, para enfrentar dor de cirurgia, osso quebrado ou ferimento; e os que fazem uso crônico dela, como as pessoas queimadas e os portadores de câncer.
    No hospital, é fácil receitar morfina. Para o doente que está em casa, entretanto, a obtenção da droga é um drama para a família. Ou para ele mesmo se não tiver quem o ajude.
    O médico é obrigado a fazer a receita num formulário amarelo, numerado. Para obtê-lo precisa se cadastrar numa repartição pública no centro da cidade, pessoalmente, de preferência. De posse da prescrição, começa a via sacra dos familiares atrás de uma farmácia que venda morfina. Mesmo nos grandes centros urbanos é muito difícil encontrá-la; nos bairros pobres e nas pequenas cidades, então, impossível.
    Isso acontece porque as farmácias que vendem morfina obedecem a uma legislação que impõe fiscalização rígida. De fato, esses estabelecimentos são os mais fiscalizados. Se você fosse dono de farmácia, ia preferir vender morfina, que custa barato, e trazer o fiscal para dentro da sua casa ou os medicamentos que a indústria põe à venda a preços pirotécnicos sem qualquer fiscalização?
    As dificuldades nessa área são de tal ordem, que o Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul entrou com uma ação na Justiça contra a Vigilância Sanitária por cercear o exercício da medicina.
    Embora seja a pior, a burocracia não é a única barreira para impedir que a morfina chegue às mãos dos que precisam dela. Tradicionalmente, a ênfase do ensino nas faculdades é colocada na cura das doenças, e não no alívio da dor. Como consequência, a maioria dos médicos conhece mal a farmacologia da morfina e se esquiva de prescrevê-la.
    A terceira barreira é criada pelos próprios familiares do doente com dor crônica, que hesitam em aceitar a prescrição por achar que morfina só é indicada quando o caso está perdido.
    De onde vem tanto preconceito contra essa droga milenar?
    Vem da ignorância, como todo preconceito. O medo dos médicos, familiares e das autoridades que controlam a distribuição da droga é de que os usuários se tornem dependentes dela, razão jamais demonstrada cientificamente.
    Num estudo conduzido em Boston que acompanhou 11.882 pacientes tratados com morfina, foram encontrados apenas quatro casos de dependência. Uma pesquisa feita em Nova York, com 10 mil queimados que receberam morfina durante várias semanas ou meses, não encontrou um caso sequer de dependência crônica.
    No Brasil, os que padecem de dores crônicas de forte intensidade vivem um calvário, pela falta de acesso à assistência médica, porque os médicos receitam analgésicos inadequados e porque a burocracia cria entraves ao fornecimento de opiáceos.
    As faculdades de medicina precisam ensinar aos estudantes que, ao lado da cura, aliviar a dor de quem sofre é a função mais nobre do médico. A Secretaria de Vigilância Sanitária tem de adotar as atuais normas internacionais para a liberação de morfina aos que necessitam (elas consideram absurda, por exemplo, a exigência de receituário especial).
    Esse assunto interessa a todos. Nenhum de nós está livre de uma dessas dores traiçoeiras que atacam no meio do caminho ou no final dele. A natureza é impiedosa, não respeita as virtudes da pessoa.





     http://members.fortunecity.com/raniero/curiosidades/curiosidades.html
     
    A Radioterapia é um método de tratamento utilizado no mundo inteiro, há cerca de 100 anos. É administrada a milhares de doentes em todo o mundo, quer no tratamento de tumores benignos ou malignos, quer no tratamento de outras patalogias, como por exemplo as doenças reumatológicas.
    As radiações podem atingir tecidos localizados profundamente no organismo. A profundidade alcançada varia consoante cada tipo de aparelho. Para o seu tratamento foi escolhido o aparelho que melhor se adapta à sua situação. É preciso ainda adequar o feixe de radiações à forma do seu corpo e ás características dos tecidos a tratar. É esta a finalidade de todo um trabalho preparatório, razão por que é necessário aguardar alguns dias, após a chamada "sessão de planeamento", até o tratamento ser efectivamente iniciado.
    Sala de Planejamneto
    As sessões de radioterapia não o tornarão nem "radioactivo", nem contagioso. Poderá por conseguinte fazer uma vida perfeitamente normal fora das sessões de tratamento. Não existe, qualquer contraindicação para uma vida profissional, familiar e sexual normal.
    A radioterapia é um método capaz de destruir células tumorais, empregando feixe de radiações ionizantes. Uma dose pré-calculada de radiação é aplicada, em um determinado tempo, a um volume de tecido que engloba o tumor, buscando erradicar todas as células tumorais, com o menor dano possível às células normais circunvizinhas, à custa das quais se fará a regeneração da área irradiada.
    As radiações ionizantes são eletromagnéticas ou corpusculares e carregam energia. Ao interagirem com os tecidos, dão origem a elétrons rápidos que ionizam o meio e criam efeitos químicos como a hidrólise da água e a ruptura das cadeias de ADN. A morte celular pode ocorrer então por variados mecanismos, desde a inativação de sistemas vitais para a célula até sua incapacidade de reprodução.
    A resposta dos tecidos às radiações depende de diversos fatores, tais como a sensibilidade do tumor à radiação, sua localização e oxigenação, assim como a qualidade e a quantidade da radiação e o tempo total em que ela é administrada.
    Para que o efeito biológico atinja maior número de células neoplásicas e a tolerância dos tecidos normais seja respeitada, a dose total de radiação a ser administrada é habitualmente fracionada em doses diárias iguais, quando se usa a terapia externa.
    Mascaras que ajudam a localização.       

    http://drauziovarella.com.br/doencas-e-sintomas/cancer/radioterapia-2/Radioterapia

    Dr. João Luís Fernandes da Silva é médico oncologista. Presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia, trabalha no Serviço de Radioterapia do Hospital Sírio-Libanês.
    Os raios X foram descobertos em 1985 por Wilhelm Roentgen e não demorou para que fossem usados em medicina para tirar radiografias que facilitavam o diagnóstico de  muitas doenças. Logo se percebeu também que eles tinham a capacidade de curar alguns tipos de tumores malignos.
    A experiência mostrou ainda que a sensibilidade das células tumorais à exposição desses raios não era idêntica em todas elas. Algumas eram destruídas imediata e completamente com doses baixas de radiação; outras precisavam de doses muito altas para reagir.
    Descobrir que a radiação danifica o material genético da célula maligna foi o passo definitivo para o surgimento da radioterapia, uma especialidade médica reconhecida em 1922 pelo Congresso Mundial de Oncologia de Paris, que evoluiu muito no decorrer do século XX e chega ao século XXI contando com aparelhos de altíssima precisão para destruir o tumor sem causar danos às células normais que lhe são próximas.
    SENSIBILIDADE À RADIOTERAPIA

    Drauzio – Você poderia explicar o princípio básico da radioterapia? Como à custa de radiações consegue-se destruir a célula maligna?

    João Luis Fernandes da Silva – Não podemos confundir radiação ou radioterapia com queimadura. Por isso, a radiação é usada para tratamento de tumores que têm uma absorção seletiva dos raios, se comparados com os tecidos sadios. Em outras palavras: quando se irradia um tumor, a absorção é maior nas células tumorais e menor nos tecidos sadios.
    Descrevendo de maneira muito simples, há um efeito imediato que chamamos de efeito direto da radiação, ou seja, uma destruição na hélice do DNA que faz a célula maligna morrer naquela hora ou a deixa marcada para morrer mais tarde, e um efeito tardio. Este ocorre no meio em que a célula está, provocando uma série de alterações que, com o passar do tempo, agem em seu metabolismo e fazem com que ela morra por um processo chamado de apoptose ou morte celular programada.
    Se o tumor não tivesse a propriedade de absorção seletiva dos raios, nunca poderíamos fazer radioterapia. Trata-se de um fenômeno interessante: o tumor tem um tipo de sensibilidade à radiação e as células sadias, outro. Quanto mais radiossensível ele for e mais distante estiver da célula normal, maior a chance de curar a doença.

    EVOLUÇÃO DAS MÁQUINAS DE RADIOTERPIA
    Drauzio – A radioterapia é um processo que permite jogar radiação na área do corpo onde se localiza o tumor. Esse tratamento começou com a utilização das bombas de cobalto. Como evoluíram essas máquinas e o que criaram de novo no campo da radioterapia?

    João Luis Fernandes da Silva – A primeira forma de utilizar a radiação não foi através de um aparelho colocado distante do tumor (teleterapia). Na verdade, eram isótopos colocados em contato com o tumor, a braquiterapia. A propósito, “braqui” é um prefixo grego que significa junto de, em contato com.
    Do ponto de vista cronológico, porém, os aceleradores lineares (os aparelhos mais utilizados hoje) talvez tenham aparecido antes das bombas de cobalto. Retomando os aspectos históricos, a radiação foi descoberta quando Roentgen conseguiu obter uma forma de energia capaz de sensibilizar um filme fotográfico onde ficaram registrados os ossos da mão e o anel da pessoa que o ajudava.
    A partir daí, os aparelhos de radiação foram usados para diagnóstico. No entanto, de forma absolutamente empírica, observou-se que regrediam as lesões de pele do médico e daqueles que por ventura estivessem lidando com as máquinas de raios X. Diante de tal evidência, a radiação foi utilizada especificamente para esse tipo de tratamento – pasmem! – sem nenhuma proteção.
    Com o passar do tempo, porém, a radiação passou a ser gerada por pastilhas, as bombas de cobalto, colocadas num cabeçote e cercadas de enorme proteção. A título de curiosidade, depois dos grandes acidentes com radioatividade que ocorreram em seu território, o Brasil é o país do mundo que conta com as melhores barreiras de proteção.
    Das pastilhas de cobalto ou de césio colocadas dentro de um cabeçote altamente protegido emana um feixe de radiação ionizante que, por meio de processos aritméticos e geométricos, é direcionado para incidir na região do tumor, respeitando uma considerável margem de segurança. Entretanto, essas pastilhas vão perdendo a força com o tempo e precisam ser substituídas e descartadas.
    Como esse tipo de radiação natural pode provocar uma série de contratempos, surgiram os aceleradores lineares, aparelhos com a capacidade de produzir radiação eletromagnética ionizante (fóton) para tratar de tumores. O processo consiste mais ou menos no seguinte: retira-se da periferia do átomo um elétron que entra em superaceleração e vai bater num alvo pré-determinado. Atualmente, por meio de computadores e digitalização, temos o poder de irradiar com precisão o ponto almejado. Para tanto, dependemos muito da imagem. Esse grau de sofisticação que permite colocar a radiação eletromagnética no alvo exige saber exatamente onde se localiza o tumor.

    DINÂMICA DO TRATAMENTO
    Drauzio – Posso dizer, então, que a grande evolução por que passaram as máquinas de radioterapia permitiu dirigir o feixe de radiação de forma a atingir o tumor em todas as suas dimensões, poupando ao máximo os tecidos que estão na vizinhança. No passado, quando os aparelhos não permitiam fazer esse desenho claro do local a ser irradiado, muitas vezes os doentes apresentavam queimaduras de tecidos nobres do organismo. Isso mudou completamente a perspectiva do tratamento. 

    João Luis Fernandes da Silva – A diminuição da morbidade por causa dos efeitos colaterais da radioterapia tem implicação básica e direta com a evolução das radioterapias bidimensional e tridimensional. Hoje, é possível por um método de imagem como a tomografia desenhar o tumor observando as margens de segurança. Isso não é feito por um profissional isoladamente; é um processo dinâmico que envolve o radiologista, o oncologista clínico, o cirurgião, a pessoa que fez o exame de ressonância magnética.
    Uma vez desenhado o campo de radiação, ele é enviado para um sistema de computador e obtém-se um modelo biológico que permite definir exatamente a região que será irradiada. Por exemplo, vamos imaginar que o órgão a ser irradiado seja a próstata. O reto, que está colado nela, não pode receber mais do que 60% da dose necessária para a próstata e a bexiga, mais do que 55%. Essa limitação de dose é colocada no sistema, que oferece como opção outros campos para incidir o feixe de raios a fim de preservar os órgãos vizinhos. O mesmo aconteceria com um tumor de pulmão, de cabeça e pescoço, ou mesmo de língua, se tivéssemos que poupar as glândulas salivares. A dose está alta, vamos recalcular quantas vezes sejam necessárias. Isso só é possível porque hoje conseguimos conversar com o computador.
    Infelizmente, eu me sinto um pouco frustrado, pois nem todos os profissionais podem trabalhar desse modo no Brasil, o que é muito ruim. Sabe-se como tratar direito um paciente com câncer, mas diante das restrições socioeconômicas do país não se pode propiciar esse tipo de tratamento para toda a população.

    Drauzio – Esses aparelhos custam muito caro?
    João Luis F. da Silva – Custam caro, mas o problema não é tanto o preço. O governo destinou cem milhões de reais para a compra de aparelhos maravilhosos que foram instalados em diversos locais do País nos últimos anos. Embora tenha sido uma medida elogiável, foi a mesma coisa que dar um Boeing para um piloto aprendiz. O médico brasileiro não é melhor nem pior do que nenhum outro. Só precisa ser formado, ser preparado para trabalhar com esse tipo de equipamento.
    Sem que tal providência tenha sido tomada, novamente o governo está distribuindo aparelhos por todo o Brasil. Vai colocar, por exemplo, um aparelho em Roraima. Está certo, porque a radioterapia ajuda a curar os pacientes. Em composição com a oncologia clínica e cirúrgica, presta serviço assistencial de valor incontestável. Mas, pergunto: de que adianta colocar uma estrutura que custa cinco milhões de reais num lugar onde não será usada em sua plenitude? A falta de formação dos profissionais que vão lidar com esses aparelhos é um problema que nos enche de mágoa porque, se eles fossem adequadamente preparados, estariam realizando um ótimo trabalho.

    ORIENTAÇÕES PRELIMINARES
    Drauzio – Como você orienta o paciente que vai receber o tratamento radioterápico pela primeira vez para que não se assuste diante das máquinas?
    J
    oão Luis Fernandes da Silva – Vamos imaginar que eu receba uma mulher com câncer de mama indicada pelo oncologista clínico para fazer radioterapia. Existe uma parte orgânica a ser tratada, mas existem outras também importantes, como o contexto e a empatia com o médico, que merecem atenção.
    A primeira consulta é igual a todas as outras que a mulher fez na vida. Leva os exames, eu os aprecio e, em 99% das vezes, ligo para o colega que acompanha o caso. Depois, planejo o preparo da radioterapia e a elaboração de uma imagem da área que será irradiada. É um câncer de mama? Vamos irradiar a mama sem maltratar o pulmão ou o coração da paciente. Temos o hábito de mostrar-lhe – e nem todos podem fazer isso – qual será nosso campo de ação num computador ou num modelo que é uma placa. Explicamos que durante a radioterapia pode sentir um pouco de náusea e de astenia e mostramos a sala onde será tratada. Nós que lidamos só com tumores sabemos que é importante contar com um ambiente agradável. Contamos que ela ouvirá um barulhinho e que estará sendo observada o tempo todo numa tela de televisão (isso é obrigado pela vigilância sanitária). Qualquer sinal seu será o suficiente para interrompermos imediatamente a aplicação

    Drauzio – Quanto tempo dura cada irradiação?

    João Luis Fernandes da Silva – Dura em torno de sete a quinze minutos. A família se preocupa, pois teme que o doente não suporte um tratamento dessa magnitude, mas a natureza humana é surpreendente. Em geral, ele tolera de uma maneira que vai muito além das nossas expectativas.
    Drauzio – Durante quanto tempo o paciente é submetido à irradiação?
    João Luis Fernandes da Silva – Em média de seis a seis semanas e meia, de segunda a sexta-feira. Só ocasionalmente o tratamento é mantido nos sábados e domingos.

    EFEITOS COLATERAIS
    Drauzio – É lógico que os efeitos colaterais dependem do local irradiado. Irradiar uma lesão no pé provoca efeitos colaterais diferentes daqueles resultantes da radiação num tumor de boca. De qualquer modo, quais são os efeitos colaterais mais comuns?

    João Luis Fernandes da Silva - Dependendo da região em que está sendo feita e do mesmo modo que a quimioterapia, a radioterapia pode provocar efeitos sistêmicos.  Vou citar como exemplo a barriga, um dos piores lugares para serem irradiados. Segmentos do intestino, tais como mucosa, parede, epitélio (camada que reveste o intestino), renovam-se tão rapidamente quanto a pele, o que pode provocar enjoo e alterações dos hábitos intestinais.
    O grande exemplo dos efeitos da radiação é a síndrome que matou a população de Hiroshima e Nagasaki. Quais são os sistemas mais sensíveis do organismo? São o trato gastrintestinal, as células do sangue (caem plaquetas e leucócitos) e depois a síndrome cerebral. Como a radioterapia é localizada, pode causar esse quadro em pequenas proporções. De qualquer forma, provoca nos pacientes o chamado mal das radiações, ou seja, a astenia. Eles se referem à moleza e à vontade de não sair da cama.
    Mesmo que o campo da irradiação seja pequenininho, há um reflexo na dinâmica de vida do paciente e isso é categorizado. Se a região irradiada for a boca, pode ocorrer mucosite, uma inflamação da mucosa bucal. Radiação nas parótidas diminui a secreção salivar (xerostomia) e o paciente tem dificuldade para engolir. Se o alvo for um tumor no ânus, a vagina pode ficar irritada e sensível durante a micção.
    Resumindo, a radioterapia tem efeito basicamente local, diretamente relacionado com o órgão que está sendo irradiado.

    ESTILO DE VIDA
    Drauzio –Como deve ser o estilo de vida de quem está fazendo radioterapia O que deve comer? Pode tomar sol?
    João Luis Fernandes da Silva – Novamente me vêm os tumores de próstata e DE mama como exemplos, porque são os mais frequentes. Vou citar a próstata, pois é a que menos reação cutânea apresenta.
    É proibido tomar sol durante o tratamento radioterápico; aliás, excesso de sol não é bom nunca. Bebidas alcoólicas têm de ser evitadas porque irritam os órgãos por onde passam e fumar também é contraindicado não só para o câncer de pulmão e de bexiga, mas para os outros tumores também. Há estudos comprovando que o prognóstico piora muito se a pessoa com tumor de cabeça e pescoço fumar durante o tratamento. Via de regra, o doente com alimentação saudável não muda os hábitos alimentares e, num bom número de casos, nem a atividade física.
    Com frequência, a radioterapia é associada a outros tratamentos, à quimioterapia, principalmente. Aí, os efeitos colaterais triplicam. Irradiação para um tumor de esôfago associada à quimioterapia torna mais difícil deglutir; tumor no reto recebendo tratamento concomitante de rádio e quimioterapia provoca aumento do trânsito intestinal.

    Drauzio – Que quantidade de líquido deve tomar o doente em tratamento radioterápico?
    João Luis Fernandes da Silva – Se a irradiação é no trato gastrintestinal, o doente deve tomar um pouco mais de líquido, porque o aumento da atividade do sistema digestivo pode espoliar os tecidos. Se o local irradiado impede a alimentação adequada do paciente, de alguma forma é preciso garantir que haja maior ingestão calórica, principalmente de proteína líquida.

    NÁUSEAS E ASTENIA
    Drauzio – Quais são as dicas para aqueles que têm náuseas?
    João Luís Fernandes da Silva – Nós usamos a sistemática clássica: a indicação de anti-heméticos, isto é, de remédios contra náuseas e vômitos. Começamos dos mais baratos para os mais caros e ensinamos alguns truquezinhos que ajudam a controlar esses sintomas. Comer doce é um deles. Por isso, gosto de sugerir para meus doentes que tomem sorvete e comam alimentos frescos. Fruta é fundamental na dieta desses doentes.

    Drauzio – Às vezes, alimentos salgados – bolacha de água e sal, por exemplo -, e chá também ajudam.

    João Luís Fernandes da Silva – Exatamente. A noção caseira de fazer soro fisiológico é útil.  Portanto, contra as náuseas e vômitos as orientações são dadas quando se faz radioterapia pública ou privada e vão desde as mais simples até as drogas mais caras, mesmo optando pelos genéricos.

    Drauzio – E contra o cansaço, qual é o conselho?
    João Luís Fernandes da Silva - Primeiro, mesmo com limitações, o doente não deve ficar na cama, assistindo à televisão e pensando no tratamento e na doença. Isso é muito ruim. Depois, existem medicamentos com base calórica proteica que ajudam a controlar a astenia.

    FUTURO PROMISSOR
    Drauzio – Você acha que com o decorrer dos anos poderemos contar com aparelhos que acertarão a região do tumor com mais precisão e menos efeitos colaterais?
     
    João Luís Fernandes da Silva – Eles já existem. Há uma brincadeira que corre entre os especialistas em radioterapia – “me dê uma imagem do tumor que eu coloco a radiação nele” – que reflete a grande evolução da radioterapia. Pode-se dizer que hoje, quase se faz uma radiação puntiforme. Existe um tipo de radioterapia chamada radiocirurgia, como o próprio nome indica, uma radiação que tenta substituir a cirurgia. Lesões pequeninas localizadas no cérebro são atacadas com um tiro só, ou seja, uma carga brutal de irradiação. Isso precisa ser feito com precisão milimétrica, à luz de cálculos extremamente sofisticados, só possíveis na era da informática em que vivemos. Além disso, a evolução por que está passando a genética facilitará a utilização de marcadores tumorais por meio dos quais se determinará com precisão onde está o tumor para eventualmente levar um quimioterápico junto com a radiação.
    Como se vê, o futuro da radioterapia é cada vez mais promissor



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